Juiz Mattioli define violência contra crianças e adolescentes como ‘epidemia’ na região
Atuando há mais de 15 anos na Vara da Família, que abrange Infância e Juventude, e também coordenando o CEJUSC, o juiz Carlos Mattioli compartilhou experiências e fez uma explanação sobre a temática da violência contra crianças e adolescentes. Convidado pela Câmara de Vereadores de União da Vitória, por meio do presidente Cordovan Neto, ele participou da sessão ordinária do parlamento nesta segunda-feira (17/05).
A abordagem teve relação com 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes. Na visão do magistrado não é data para ser celebrada, mas sim “para refletirmos sobre como podemos aprimorar nossa atuação e enfrentar de forma efetiva o abuso e a exploração sexual contra crianças e adolescentes”, observou o juiz Mattioli.
O magistrado citou a necessidade de estabelecer estratégias de enfrentamento. No seu trabalho, além do atendimento judicial Carlos Mattioli atua nesta temática com palestras e falas públicas, ora na pandemia de Covid-19 transferidas para meios online. A criação de políticas públicas e atendimento especializado, sem potencializar ainda mais o sofrimento das vítimas, é que o projeto Confiar, do CEJUSC, tem como objetivo.
“Há um volume muito grande de recebimento de denúncias”, segundo o juiz. Disso a formatação deste projeto Confiar. Nele, se estabelece um fluxo de atendimento, com atendimento da vítima em formato mais acolhedor, e postura mais respeitosa e qualificada, fora da sala de audiências. Por esta sistemática de trabalho, somente nos últimos anos cinco anos, mais de mil crianças e adolescentes vítimas de violência foram atendidas na Comarca.
Entre outras coisas, evitar a revitimização das vítimas, que replica o abuso, é um dos pontos. Tendo suporte de trabalho terapêutico para superar traumas, ou minimizar danos ocasionados por estes atos criminosos. A postura da Vara da Família e CEJUSC é de ir até as pessoas, colocando o acesso à justiça mais próximo de todos. “É isso que fazemos”, afirma Carlos Mattioli.
Geralmente suas falas públicas puxam e potencializam o público atendido para estes trabalhos. “Após as palestras, muitas pessoas se sentem seguras e acabam por nos procurar para contar suas histórias de agressão e confiam na ajuda que podemos prestar”, explica. Tendo esta busca por ajuda, entra em funcionamento o fluxo de atendimento que trabalha na melhor alternativa para amenizar e superar os traumas relatados.
As formas e violências contra crianças e adolescentes podem ser físicas, psicológicas e, infelizmente, em muitos casos sexuais. As mudanças de comportamento são indícios de abuso, conforme relatou o juiz Mattioli, com base na própria experiência. Outro ponto fundamental é dar voz e acreditar no relato da vítima. Esta postura assegura o início de um trabalho de proteção das vítimas, na Vara da Família e CEJUSC. (Texto e foto da assessoria do CEJUSC).