Pesquisa BTG dá Jair Messias Bolsonaro na frente de Luiz Inácio Lula da Silva

Uma pesquisa de intenção de voto para 2022 com apenas 1.000 pessoas divulgada hoje pela revista Exame, que pertence ao banco BTG Pactual, coloca Jair Bolsonaro (sem partido) com 33% a 34%, dependendo da combinação de candidatos listados, numa simulação de 1º turno. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pontua de 18% a 22%. A vantagem do atual presidente para o seu principal antípoda é sempre superior a 10 pontos percentuais, em todos os cenários.

Quando são testados os nomes para um eventual 2º turno na corrida pelo Palácio do Planalto para o ano que vem, Bolsonaro chega a 44%. Lula fica com 37%. A diferença entre os 2 é de expressivos 7 pontos percentuais. A margem de erro declarada do levantamento é de 3,1 pontos. O estudo foi realizado nos dias 10 e 11 de março de 2021.

A pesquisa foi realizada para a revista Exame, do BTG, pela empresa Ideia Big Data, cujo slogan é “análise 360º para diagnósticos precisos”. Chama a atenção a ordem em que as perguntas foram apresentadas para os eleitores, segundo o formulário divulgado com a metodologia. Antes de perguntar em quem os entrevistados votariam se a eleição fosse hoje, o eleitor é confrontado com as seguintes indagações, nesta ordem:

1) Em 2022 teremos eleições para presidente da República. Na sua opinião, o presidente Jair Bolsonaro, sem partido, merece ser reeleito?
(respostas: 42% sim e 48% não)

2) Em 2022 teremos eleições para presidente da República. Na sua opinião, Lula do PT merece voltar a ser presidente?(respostas: 32% sim e 46% não)

3) Você sabia ou tomou conhecimento que o ex-presidente Lula (que não pôde ser candidato em 2018 por causa da Lei da Ficha Limpa) agora se tornou elegível por uma decisão do ministro do Supremo Edson Fachin?
(respostas: 73% sim e 27% não)

4) Diante da informação de que Lula agora está elegível, isso aumenta, diminui ou nem aumenta nem diminui a chance de votar na reeleição de Jair Bolsonaro?
(respostas: 6% aumenta; 6% diminui e 49% indiferente)

5) As chances de você votar em Lula aumentam ou diminuem caso um dos nomes abaixo seja vice dele:
(nomes apresentados: Guilherme Boulos, Luiza Trajano, Ciro Gomes, Marina Silva, Fernando Haddad, Luciano Huck e Flávio Dino). As respostas significativas são para Haddad, com 32%, e Huck, com 18%, Os demais têm todos menos de 10%).

Só depois de todas essas 5 perguntas é que os 1.000 entrevistados são confrontados com cenários de candidatos para o 1º turno da disputa presidencial de 2022.

Em geral, pesquisas de intenção de voto devem sempre começar com a pergunta mais neutra possível. Por exemplo: “Se a eleição para presidente fosse hoje e os candidatos fossem estes, em quem você votaria?”. Trata-se de simular o momento em que o eleitor está em frente a uma urna eletrônica e não conversa com ninguém ao apertar as teclas com sua escolha de candidato.

“Quando há outras perguntas antes da intenção de voto, o entrevistado é ‘esquentado’ e isso pode fazer com que mude sua opinião. Por exemplo, ao lembrar que Lula não foi candidato em 2018 por causa da Lei da Ficha-Limpa, a pesquisa pode influir nas respostas seguintes. Ocorreria o mesmo se houvesse uma pergunta sobre o que o entrevistado acha de Jair Bolsonaro não usar máscara em público durante a pandemia de coronavírus ou sobre o governo do presidente atual não ter ainda conseguido todas as doses necessárias das vacinas contra a covid-19”, diz o cientista político Rodolfo Costa Pinto, coordenador do PoderData, divisão de pesquisas do jornal digital Poder360.

Há também alguns aspectos da metodologia da pesquisa contratada pelo BTG Pactual que chamam a atenção.

BASES DE ENTREVISTADOS

Os 1.000 entrevistados pela empresa Ideia Big Data foram contatados por meio telefônico, com operadores humanos “com utilização de questionário elaborado de acordo com os objetivos da pesquisa”, sendo que os “entrevistadores contratados” foram “devidamente treinados para a abordagem desse público”, informa o relatório da pesquisa.

Não fica claro, entretanto, se as ligações foram realizadas para telefones fixos ou para celulares –ou para ambos. Isso faz grande diferença. O uso do celular é quase universal entre os brasileiros hoje. As linhas fixas, não.

O ideal é que numa pesquisa nacional a base de telefones usada possa incluir linhas fixas e celulares, para garantir a maior amplitude possível do público atingido.

Pesquisas telefônicas se tornaram o padrão no mundo hoje por causa da pandemia. É muito difícil convencer pessoas a conceder entrevistas pessoalmente, na rua ou em suas residências. Há grande precisão num estudo de opinião feito por telefone, desde que a metodologia seja robusta e a base de entrevistados represente toda a sociedade. Nos EUA, em 2016, os levantamentos que mais acertaram na eleição de Donald Trump para presidente foram os que usaram o método de ligações telefônicas automatizadas, conforme relatório da Associação Americana de Pesquisadores de Opinião Pública (conhecida pela sigla de seu nome em inglês, Aapor). 

No caso da pesquisa da revista Exame, não fica claro como foram encontrados os 1.000 entrevistados. Não se sabe se são portadores de celulares ou de linhas fixas.

MARGEM DE ERRO

Segundo a empresa Ideia Big Data, com as 1.000 entrevistas realizadas a margem de erro da pesquisa foi de “aproximadamente 3,10 pontos percentuais, para mais ou para menos”.   (PODER360).

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