Sensação de angústia e desesperança pode desencadear quadro de estresse crônico, mas como evitar, segundo especialistas
Frente ao agravamento do cenário pandêmico, no qual o número de mortes por covid-19 bate recordes diários e novas variantes do coronavírus circulam pelo país, o equilíbrio emocional também sofre impacto. Segundo o psiquiatra Kalil Dualib, presidente do Departamento Científico de Psiquiatria da Associação Paulista de Medicina (APM), sentimentos de angústia ou desesperança desencadeados pela pandemia podem contribuir para um quadro de estresse crônico.
De acordo com o especialista, o estresse crônico se manifesta com pequena intensidade, podendo se estender por pelo menos três meses, e ser danoso para o cérebro. “Vai diminuindo a resistência do organismo, diminuindo substâncias que protegem as ligações dos neurônios, e pode levar ao esgotamento, além de facilitar o surgimento de doenças como a depressão”, explica.
Incluir a prática de atividade física é uma das principais maneiras de combater o estresse, além de contribuir para o bom funcionamento do corpo como um todo. A orientação do psiquiatra é a de praticar exercícios por pelo menos 5 vezes na semana, manter uma alimentação saudável e uma rotina de sono, com horário para dormir e acordar, e não abusar de bebidas alcoólicas ou substâncias químicas. “Se apesar disso essa pessoa continuar a ter um sofrimento mental, fazer psicoterapia ajudaria muito”, recomenda Dualib.
O psicólogo Yuri Busin, diretor do Centro de Atenção à Saúde Mental – Equilíbrio (CASME), chama a atenção para alguns comportamentos que podem contribuir ainda mais para uma sensação de desequilíbrio mental, como não controlar o consumo de notícias sobre a pandemia, ou mesmo deixar de fazer atividades que antes proporcionavam prazer.
“Quando estão angustiadas, as pessoas retiram as atividades em vez de acrescentá-las, o que acaba aumentando ainda mais o sentimento. Também é importante limitar a exposição a más notícias, separar um tempo do dia para se informar, mas não ficar o tempo todo alimentando essa angústia”, afirma Busin.
Atividades como meditação, ioga e até mesmo a prática de exercícios físicos são possíveis de realizar com a ajuda de aplicativos de celular, sem a necessidade de sair de casa e se expor à contaminação do coronavírus, orienta o psicólogo.
Além disso, no caso de quem está em home office, ele destaca a importância de manter uma rotina e estabelecer limites para não trabalhar além do necessário. “É importante tirar intervalos ao longo do dia, ter uma rotina fixa e não pensar que, só porque está em casa, não precisa se cuidar. Autocuidado é também fazer processos de beleza”. (R7).