Vacina CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan, tem 78% de eficácia
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), celebrou a eficácia da CoronaVac, vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac. Os dados foram apresentados hoje (7) e mostram que o imunizante tem 78% de eficácia nos casos leves e 100% de eficácia para evitar casos moderados e greves. Com os resultados dos estudos, já foram iniciadas as tratativas para obter a aprovação do uso emergencial por parte da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
“Nós conseguimos a vacina do Brasil, que vai salvar milhões de brasileiros a partir de agora. Já temos a vacina em solo brasileiro, pronta e em condições de começar a imunização. Felizmente esse dia chegou, esse é hoje. Viva a vacina, viva o Butantan, viva o esforço de São Paulo para o Brasil”, comemorou Doria.
O governador paulista ainda tem o trunfo da vacina na eventual disputa contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na corrida presencial em 2022. Doria rechaçou que a CoronaVac seja “um fato político, partidário ou ideológico. No entanto, fez um apelo à Anvisa para que não haja qualquer interferência do governo federal no encaminhamento da aprovação, em uso emergencial, da vacina.
“Quero fazer manifestação à Anvisa, que mantenha sua independência, autonomia pela ciência e pela vida. Em nenhum momento pense em atender a qualquer tipo de pressão de ordem ideológica, ou outro tipo de pressão, para prejudicar a velocidade imperativa de oferecer essa vacina a oportunidade de salvar vidas de brasileiros em nosso país”, completou.
Em pronunciamento, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que o Brasil está preparado para iniciar a vacinação em janeiro. O plano do governo é dar início à imunização com duas milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca produzida por um laboratório indiano. O epidemiologista Gulnar Azevedo, presidente da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), vê despreparo da administração em relação à vacina contra covid-19.
CORONAVAC: BUTANTAN EXPLICA PEDIDO DO USO EMERGENCIAL À ANVISA
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, foi o responsável por apresentar os dados referentes à CoronaVac. Ele explicou que o trabalho foi iniciado em abril de 2020 e contou com o auxílio de 16 centros clínicos em oito estados diferentes – São Paulo, Brasília (DF), Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Foram 12.476 profissionais da Saúde que se voluntariaram nos estudos da vacina contra a covid-19. Ao fim, os resultados apontaram que a CoronaVac evita casos moderados e mortes por covid-19. Já nos casos leves, a eficácia é de 78%, acima do exigido pelas autoridades sanitárias em todo o mundo.
“É uma saga. Enfrentamos luta contra ódio, incompreensão, falta de visão do que é uma vacina em um momento de pandemia. Foram meses de intenso desgaste, não minha, mas todos estamos trabalhando em prol da vacina. Nunca achei que pudéssemos ter essa vacina tão rapidamente”, apontou Dimas.
Sobre o pedido emergencial feito à Anvisa, o diretor do Butantan explicou que o rito que a Anvisa estabeleceu é que todo pedido para uso emergencial deve começar com uma reunião preparatória e apresentação de dados. Isso foi feito na manhã desta quinta e isso terá continuidade ao longo das próximas horas.
“Precisamos que [a vacina] que chegue aos braços das pessoas o mais rapidamente. Essa reunião terminou por volta das 12h e ainda não tenho o relatório, mas já fui avisado que haverá outra reunião ainda hoje para continuar o assunto. A expectativa é: logo que tenhamos a formalização da documentação, possa ser oficializado o pedido”, completou. (Com informações do Instituto Butantan).