2 de novembro – dia para sentir se realmente o luto é permante

Não existe um tempo certo para o luto: cada pessoa vai passar pela experiência de uma forma. E, de acordo com especialistas ouvidas pela Agência Brasil, nenhuma forma de atravessar este período de acostumar-se com a ausência deve ser julgada. 

“Há quem se cobre sobre o próprio reequilíbrio e não se julga autorizado a sorrir ou chorar, dependendo da situação”, exemplifica Milena Câmara, psicóloga e pesquisadora que atua no grupo de estudos International Working Group on Death, Dying and Bereavement (Grupo de Trabalho Internacional sobre Morte, o Morrer e o Luto).

A tendência é que os enlutados contem os dias um a um a partir da morte da pessoa. De acordo com as observações de Elaine Alves, professora da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora em emergências e desastres, os três primeiros meses tendem a ser os mais difíceis nesta construção da resiliência.

Contudo, ela alerta que o ciclo do primeiro ano ainda tende a ser mais doloroso pois tudo acontece pela primeira vez, inclusive o Dia de Finados. 

“Nesse sentido, o Finados é uma data horrorosa porque é a primeira vez que a pessoa recebe essa homenagem. Ou seja, a morte é concretizada”, pontua Elaine.

A psicóloga brasiliense Juliana Gebrim aponta, inclusive, que após este primeiro ano, com as dores no mesmo patamar, é necessário busca de ajuda profissional. Um sinal de que chegou a hora de recorrer a este tipo de apoio é quando a pessoa enlutada detectar que não consegue mais realizar as atividades que fazia antes.

Tolerância

Nesse caminho de reconstrução do mundo interno, as pesquisadoras recomendam tolerância do próprio enlutado e de todos que o cercam. É importante garantir o direito à dor alheia e evitar dar receitas para quem está sofrendo.

 “Precisamos ter atitude afetuosa e compreensiva sobre a dor de si ou do outro. Toda dor é legítima. O sofrimento faz parte da experiência humana. Não se permitir pode levar ao adoecimento”, explica Milena Câmara, que considera cruel que existam comparações entre as dores ou minimização dependendo da relação social que exista. “Muitas vezes, o enlutado quer apenas ser ouvido. Como não sofrer? O vazio é pra sempre. A dor não precisa ser pra sempre. Estamos vivendo lutos coletivos. Não tem como não sentir o impacto”. (Agência Brasil).

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