Filhos de Valdir Rossoni ganhavam na Assembleia Legislativa como comissionados até mais que os próprios deputados
Deputado estadual por seis mandatos consecutivos e recém-eleito deputado federal, Valdir Rossoni (PSDB) está completando 24 anos de atuação na Alep (Assembleia Legislativa do Paraná). Mas sua trajetória vitoriosa nas urnas fez com que a “Casa do Povo Paranaense” se tornasse a “Casa do Rossoni”, ao menos até pouco tempo antes de ele assumir o cargo de presidente, em 2011.
É isso o que revelam os registros de cargos comissionados ocupados no Legislativo do Estado e outros documentos comprobatórios reunidos pelo jornalista aposentado Sylvio Sebastiani, ex-servidor da Alep e atual presidente da Asaalep (Associação dos Servidores Aposentados da Assembleia Legislativa do Estado do Paraná). O caso está em investigação do MP (Ministério Público).
Nos documentos apresentados por Sebastiani constata-se, por exemplo, que a filha do deputado, Mariana Mariani Rossoni, recebeu salários generosos pagos pelos paranaenses. Ela chegou a ter rendimento superior ao dos próprios parlamentares. Em 2004, Mariana recebia dos cofres públicos R$ 11.280, enquanto o subsídio parlamentar era de R$ 9.540. Lotada no gabinete do pai, em um único ano ela recebeu R$ 113 mil.
O privilégio de conseguir um cargo na Alep também foi obtido pelo filho do deputado, Rodrigo Rossoni, que recebia R$ 25 mil em 2003 para ocupar função que lhe foi confiada pelo pai. O subsidio parlamentar da época era de R$ 6.208, ou seja, Rodrigo ganhava R$ 18.792 a mais que qualquer deputado paranaense. Em 2005, o valor pago ao filho de Rossoni teve uma significativa queda, para R$ 7,5 mil, durante os seis primeiros meses do ano.
O parentesco é característica do gabinete do político, que também empregou, com salários pagos pela população paranaense, a irmã Otília Rossoni Silveira. Em 2002 ela ganhava R$ 18 mil para exercer atividades em favor do político. A filha de Otília e sobrinha de Rossoni, Carla Roberta Silveira, também ocupou cargo comissionado, tendo sido nomeada e exonerada três vezes entre 2005 e 2009.
A reportagem de O Paraná entrou em contato com a assessoria de imprensa do deputado. Após informar o conteúdo das denúncias, a assessoria informou que Rossoni estava em viagem e que no momento não poderia atender. Porém, uma eventual brecha na agenda seria verificada, caso o deputado quisesse se pronunciar. Até o fechamento desta edição, a reportagem não obteve o retorno do gabinete.
EM BITURUNA
Eleito em julho de 2011, por eleição complementar do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o filho Rodrigo Rossoni teve o mandato de prefeito de Bituruna (PR) cassado por abuso do poder econômico durante a campanha.
A nora Catiane Andrioli Nhoatto Rossoni, que também esteve empregada na Alep em 2007, também chegou a ser eleita prefeita de Bituruna, mas não pôde assumir o posto por não preencher a condição de elegibilidade, já que não tinha filiação partidária.
ALTOS SALÁRIOS
Os salários do gabinete do deputado sempre estiveram entre os mais altos, com média de R$ 15 mil para cada servidor. É o caso de Hellena Luiza Valle Daru, mãe de Altair Carlos Daru, que chegou a receber R$ 29.166,66 em apenas um mês, em 2004. Altair era diretor administrativo em 2003 e recebia R$ 24,8 mil. A mãe dele, nomeada entre 2003 e 2005, recebeu o total de R$ 331,5 mil. Só que, conforme denuncia Sylvio Sebastiani, ela sempre exerceu a profissão de costureira.
Edine de Lourdes Ramon Vianna, chefe de gabinete do deputado em 2000, recebia R$ 14.466,16. Já o filho Sérgio Furquim Filho, em 2005, mesmo aos 16 anos (na época) tinha um cargo na Assembleia Legislativa, no gabinete do pai, com um salário de R$ 11.333,33.
FANTASMAS E GAFANHOTOS
Ari Valdeci Nogueira, Ari Cristiano Nogueira, Margarida Nogueira, Dulcineia Nogueira e Dulcimara Nogueira chegaram a receber conjuntamente mais de R$ 70 mil por mês do gabinete de Valdir Rossoni, conforme dados da Receita Federal. A existência de 12 funcionários fantasmas no gabinete de Rossoni foi denunciada à época pelo deputado federal do PT, Dr. Rosinha. O inquérito civil 0046.10.000227-1, corre no MP. Entre outras irregularidades, a investigação aponta a contratação como assessor parlamentar por Rossoni, o então piloto de seu avião particular, Marcelo Venâncio Brito.
Enquanto Rossoni ocupava o cargo de 1° secretário, entre 2001 e 2004, ocorreu o “Esquema Gafanhoto”, que consistia em nomear servidores com nomes fictícios ou mesmo existentes de familiares e no depósito dos salários em contas bancárias de políticos. Ao todo foram apurados 400 casos, e em14 deles os salários eram depositados em uma só conta. Foram abertos 74 inquéritos contra 54 deputados e ex-deputados.
Filho é candidato
Nesta eleição de 2020, Rodrigo Rossoni concorre novamente à Prefeitura de Bituruna, provavelmente tendo como o principal orientador da campanha seu pai Valdir Rossoni, que em 2018 não conseguiu manter sua cadeira na Câmara Federal.
Dois Rodrigos
Rodrigo Rossoni (PSDB) e Rodrigo Marcante (PSD) são candidatos, além de Santos Amauri Olegário da Silva, do PT. O candidato Rossoni tem o apoio do pai – Valdir – e o Marcante tem o apoio do ex-prefeito Remi Ranssolin e do deputado Hussein Bakri, líder do Governo na Assembleia Legislativa do Estado. ( Com parte de informações do Blog Central www.blogcentralweb.com.br e jorna Paraná)