Lava Jato do Paraná lamenta e diz que fala de Bolsonaro indica “desconhecimento”

A força-tarefa da Lava Jato no Paraná, do MPF (Ministério Público Federal) diz que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reforçou a ideia que falta comprometimento ao combate à corrupção no País. Ontem Bolsonaro afirmou que “acabou” com a operação porque não há mais corrupção no governo durante a cerimônia do programa Voo Simples, no Palácio do Planalto, em Brasília.

“O discurso indica desconhecimento sobre a atualidade dos trabalhos e a necessidade de sua continuidade e, sobretudo, reforça a percepção sobre a ausência de efetivo comprometimento com o fortalecimento dos mecanismos de combate à corrupção”, dizem os procuradores.

Além disso, eles ainda afirmam que a força-tarefa continuam com objetivo de promover justiça e defender o papel do Ministério Público, apesar de “forças poderosas” estarem no “sentido contrário”.

Vale lembrar que a prerrogativa de encerrar com as atividades da Lava Jato é da PGR (Procuradoria-Geral da República), que prorrogou as atividades da força-tarefa de Curitiba até o dia 31 de janeiro de 2021. A decisão aconteceu mesmo após o procurador Deltan Dallagnol, ex-coordenador da operação no Paraná, solicitar a extensão dos trabalhos por mais um ano.

Hoje a Lava Jato no Paraná é liderada pelo procurador Alessandro Oliveira e conta com 14 membros, como os procuradores Januário Paludo, Laura Tessler e Roberson Pozzobon. 11 deles têm dedicação exclusiva às investigações da operação.

Confira a íntegra da manifestação dos procuradores do Paraná:

Os membros do Ministério Público Federal integrantes da força-tarefa da Lava Jato no Paraná lamentam a fala do Presidente da República sobre ter ‘acabado’ com a operação Lava Jato. O discurso indica desconhecimento sobre a atualidade dos trabalhos e a necessidade de sua continuidade e, sobretudo, reforça a percepção sobre a ausência de efetivo comprometimento com o fortalecimento dos mecanismos de combate à corrupção.

A Lava Jato é uma ação conjunta de várias instituições de Estado no combate a uma corrupção endêmica e, conforme demonstram as últimas fases dos trabalhos, ainda se faz essencialmente necessária. Ainda ontem, na mesma data da declaração do Presidente, foi deflagrada a 76ª fase da operação, na qual houve a apreensão do equivalente a quase 4 milhões de reais em espécie em endereços de investigado pela prática de delitos contra a Petrobras.

O apoio da sociedade, fonte primária do poder político, bem como a adesão efetiva e coerente de todos os Poderes da República, é fundamental para que esse esforço continue e tenha êxito. Os procuradores da República designados para atuar no caso reforçam o seu compromisso na busca da promoção de justiça e defesa da coisa pública, papel constitucional do Ministério Público, apesar de forças poderosas em sentido contrário.

LAVA JATO JÁ DEFLAGROU 76 FASES E RECUPEROU GRANDES VOLUMES DE DINHEIRO

Criada em 2014 para investigar crimes de corrupção, a Lava Jato deflagrou ontem a 76ª fase da operação, chamada de “Sem limites III”. Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro em ações que apuram supostas práticas ilícitas na Petrobras.

Antes dessa fase, a Lava Jato já denunciou 553 pessoas e obteve 274 condenações. Foram mais de R$ 14 bilhões já recuperados. Entre os presos mais conhecidos estão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ficou 580 dias preso em Curitiba, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, o ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral, o ex-ministro José Dirceu e o empresário Marcelo Odebrecht. (PARANÁPORTAL).

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