IV Dedica Municipal (UVA) orienta educadores sobre retorno às aulas, ainda sem previsão

 A abertura teve uma apresentação cultural organizada pela professora Cláudia Nizer, seguida da parte oficial com o secretário municipal de Educação, Ricardo Brugnago, que citou o trabalho de coesão no sentido de unir diretores, pedagogos e professores. Todos num esforço conjunto em prol da educação. Seguido de palestra com Marcelle Rossa – psicóloga que atua no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC) de União da Vitória.

A atividade virtual, transmitida pela Escola da Magistratura (EMAP) em plataforma digital e que contabiliza frequência aos inscrito, foi na quinta-feira (23/07) e, na abertura oficial, teve a participação do vice-prefeito, Bachir Abbas, que mencionou a união de forças para manter a educação, mesmos diante do difícil cenário de aulas virtuais, e os novos hábitos relacionados ao cenário da pandemia do Covid-19.

O vice-prefeito citou a extensão deste teletrabalho, apesar da vontade de estar em salas de aula, mas sem previsão, ainda, sobre retorno. Bachir enalteceu o empenho para suprir as aulas presenciais que, segundo ele, somente voltam ao regime normal, com a reabertura das escolas, quando a segurança for 100% e o risco zero. Ele entende que justamente o fechamento das escolas é que mantém baixo o índice de contágio entre crianças. “Nós não podemos errar”.

O juiz Carlos Mattioli, da Vara da Família e que coordena o CEJUSC, destacou o trabalho de Ricardo Brugnago que desenvolveu e é o autor intelectual do projeto Dedica. “Uma integração de toda a sociedade de União da Vitória em prol da educação”, observou. O magistrado ainda reafirmou a importância da participação do vice-prefeito, diante do cenário difícil, e colaboração no sentido de dar a segurança em saúde aos educadores.

Mattioli lembrou, mais uma vez, das ações da RAC. O sistema de auxílio já atendeu mais de 200 pessoas neste período de pandemia. Alguns deles se encerram por si e outros são acompanhados. Tudo sobre sigilo. Também, para os alunos continuarem seus estudos, o CEJUSC e a Vara da Família viabilizou a campanha de doação de computadores, tablets e celulares que são repassados aos estudantes com critérios sociais e educacionais, sob sigilo. 

Ajudando os educadores

‘Necessidades Psicológicas Infantis no Contexto da Pandemia’ foi o tema da palestra. O evento virtual e direcionado aos profissionais de educação do município de União da Vitória, numa parceria entre a Vara da Família e CEJUSC e secretaria municipal de Educação focou o cenário atual e as perspectivas de um retorno. Mesmo ainda, sem uma definição ou previsão de data para que isso ocorra e as escolas sejam reabertas.

A psicóloga Marcelle Rossa focou este cenário das necessidades psicológicas infantis. As crianças sofrem grande estresse e podem apresentar sintomas físicos e psicológicos, ter modificações no comportamento e no estado emocional. Portanto precisam estar preparadas, quando do retorno às aulas presenciais. Para tanto, ressaltou a importância de levar experiências boas que dependem muito do ambiente familiar. 

Vivência e experiência

Neste período de pandemia, o que as crianças levaram de hoje para o futuro? Questionou. Sobre o retorno das aulas há o desafio de passar pelo período da melhor parte possível. As consequências, até emocionais, ainda não são mensuráveis, no entendimento da profissional. O contato com o professor, geralmente, é maior para as crianças que com os seus familiares em casa, em tempo prolongado.

A palestra visou inspirar os educadores para auxiliar neste trabalho de superação, frente à pandemia. Mais de quatro meses se vão. O futuro é incerto. As crianças conseguem ouvir o que está na mídia e compreender numa forma diferente, criando fantasias à cerca do que ocorre. No retorno às aulas e no dia a dia é preciso mostrar de forma compreensível o que é o Coronavírus, sem minimizar o problema, e nem potencializar de forma catastrófica.

“Falar na linguagem dela”, orienta a psicóloga. Há falta de consciência sobre a doença, por muitos na sociedade, o que acaba consciente ou inconscientemente sendo ensinado de forma incorreta pelos adultos que seguem a vida sem o entendimento do problema. Ou seja, parece que estão num período de férias. Isso acaba sendo observado e copilado pelas crianças, sem a atenção à gravidade do Covid-19.

Muitos voltarão para a escola com este sentimento. Também têm as vulneráveis que é um público que precisa de carinho e atenção no retorno. São aquelas suscetíveis ao risco social, em diversas esferas e que carecem de maior apoio. Podem passar por ausência de atenção e até alimentos, neste período de isolamento. No retorno destas crianças, os confinados terão níveis altos de estresse, segundo Marcelle.

A psicóloga observa que aqueles que estavam na consciência de férias, talvez já não gostavam de ir à escola e precisarão de apoio para retomar as atividades. Os vulneráveis virão com carência de carinho, alimentação ou outros quesitos. Os efeitos, segundo a sociedade brasileira de pedagogia – usada pela palestrante, podem ser diversos. Alguns imediatos, como transtornos de sono, irritabilidades, piora da imunidade e medos.

Em médio e longo prazo, transtornos de ansiedade, depressão, queda de rendimento escola ou estilo de vida pouco saudável. Referenciada em estudo da Associação de Amigos da Casa da Criança e do Adolescente do Morro do Mocotó, de Florianópolis, Marcelle apontou as angústias do período e disse que é bem significativo este ponto a ponto que ‘marca’ um novo tempo. Depois no retorno é a realidade que será encarada. 

Nova realidade

O simples fato de imaginar, nas regras de segurança em saúde, a impossibilidade de abraçar por receio do Coronavírus. Pensar se poderá ou não voltar a abraçar, por exemplo. Situações emocionais são inerentes a este processo de um novo tempo. Para os educadores, é fundamental entender este cenário para ter como auxiliar na superação de possíveis dificuldades. O Coronavírus causou uma ‘interrupção’ na vida das crianças.

“Lembrar o quanto vocês são importantes para estes alunos”, disse a palestrante se referindo a saudade que as crianças têm do carinho, do abraço dos professores. Haverá o anseio de um acolhimento neste retorno, sendo importante demonstrar isso, segundo ela. Afeto e atenção perfazem duas destas situações que as crianças requerem: ser amada e querida. Para isso é necessário tempo de brincar, que é “materializar o mundo interno dela”, disse.

Ouvir e estimular a livre expressão são outras duas questões essenciais. Ter segurança, mas ter limites, com regras. Estabilidade emocional dos adultos, com rotinas e regramentos são fundamentais. Quando houver ‘um não’ tem de haver o entendimento do por quê? Também ajudando na compreensão do que é esperado dela. Dar o exemplo adequado, se atentar em fazer as mesmas coisas que ensina. 

Estimular e educar

Necessidade de estímulos é outro ponto importante, especialmente os positivos. Ler histórias e criar estes ambientes. “A escola sempre precisou e vai precisar trabalhar nas brechas da sociedade e da família”, observou a psicóloga. Trazendo para si o trabalho de atuar neste sentido. A escola alcança onde os demais serviços públicos não atingem. Novas práticas escolares serão necessárias, num retorno às aulas presenciais.

A psicóloga aponta esta inserção de novas posturas no currículo. Exercício de gratidão, olhar para o outro e empatia com o próximo. Também a solidariedade e o incentivo ao otimismo e esperança. Estes são alguns dos princípios defendidos por Marcelle para o ‘novo momento’ na pós-pandemia. Certo de que, ao receber as crianças de volta, nas escolas, elas vêm com estas necessidades a serem trabalhadas pelos educadores.

Disso a orientação de estar numa postura psicológica que mantenha princípios, como gratidão, humildade e o conceito de saber que o trabalho executado é fundamental. “Perceber que faz a diferença”, disse. “Se preparar para receber as crianças”, reafirmou. Marcelle Rossa fechou sua palestra levando estes conceitos para os educadores, no sentido de fomentar o entendimento para administrar e superar estas situações psicológicas. (Texto da Assessoria da CEJUSC/Vara da Família) 

Serviço: O atendimento ao público, em União da Vitória – Vara da Família/CEJUS, continuará sendo realizado de forma remota, pela disponibilização de contato com a equipe de atendimento através dos telefones e e-mails abaixo relacionados:

CEJUSC – Balcão virtual

– Segundas, terças e quintas-feiras: (42) 3309-1940 (chamadas e WhatsApp) – das 12h30 às 16h30

– Segundas, quartas e sextas-feiras: (42) 3309-1942 (chamadas e WhatsApp) – das 12h30 às 16h30

E-mail: vffs@tjpr.jus.br e/ou atendimentovarafamiliauva@gmail.com

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