Aproximação com o Centrão: Bolsonaro reconduz aliado de Michel Temer ao Conselho da Itaipu Binacional
O presidente Jair Bolsonaro reconduziu o ex-deputado federal Carlos Marun, aliado do ex-presidente Michel Temer, ao cargo de conselheiro da Itaipu Binacional. A hidrelétrica fica localizada na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. A recondução foi assinada por Bolsonaro e pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) de sexta-feira (15).
Também foram reconduzidos ao conselho da Itaipu o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, e o ex-deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), delatado pela Odebrecht, outro representante do Centrão. O próprio ministro também foi nomeado conselheiro. Os mandatos vão até 16 de maio de 2024.
Em um dos últimos atos de seu governo, em dezembro de 2018, Temer nomeou Marun para a Itaipu, visto que, para sustentar o governo, o ministro não havia tentado reeleição para a Câmara dos Deputados. A nomeação chegou a ser suspensa pela Justiça em março de 2019, por uma ação popular e pelo Ministério Público Federal junto à 6ª Vara Federal de Curitiba. A decisão acabou revertida no julgamento de mérito pela 3ª Turma do TRF-4.Filiado ao MDB, partido que integra o Centrão, Marun era aliado próximo do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Um dos nomes do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, Marun assumiu a Secretaria de Governo durante o governo Temer e ajudou o ex-presidente a barrar as duas denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Marun ficou popularmente conhecido pela dança em comemoração à rejeição das denúncias, na Câmara dos Deputados.
APROXIMAÇÃO COM O CENTRÃO
Em aproximação com Bolsonaro, o bloco de partidos do Centrão negocia com Bolsonaro a formação de uma base legislativa no Congresso em troca de cargos no segundo escalão. As negociações mais avançadas têm sido com PP, Republicanos, PSD e PL.
Nas eleições de 2018, Bolsonaro havia dito que não faria alianças com a velha política, numa referência ao Centrão. Porém, a crise política impôs um recálculo na rota. O presidente tem recorrido a líderes partidários de partidos de centro-direita para ter uma base legislativa na Câmara e não ficar vulnerável a articulação do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), desafeto de Bolsonaro.
Analistas enxergam a composição do Planalto com o Centrão como uma tentativa de contornar o poder de Maia na Câmara. Questionado sobre isso, Maia disse que a aliança facilita seu trabalho. “O governo ter uma base facilita o meu trabalho. Muitas vezes fui obrigado a cumprir um papel de articulador das maiorias, um papel que não é do presidente, é do líder e dos partidos da base”, disse em entrevista coletiva na semana passada. (Congresso em Foco).