Paraná em emergência hídrica e Rio Iguaçu tem um dos níveis mais baixos desde 1930

O Simepar, em parceria com o Instituto Água e Terra (IAT), é responsável pelo acompanhamento em tempo real das condições das bacias hidrográficas paranaenses durante o estado de emergência hídrica decretado no Paraná, com duração prevista até novembro. A iniciativa inclui o Simepar pela sua expertise em serviços de monitoramento e previsão ambientais.

Para esse trabalho o Simepar conta com alta tecnologia, formada por uma rede telemétrica de 120 estações, antenas de recepção de uma constelação de satélites e três radares instalados em Teixeira Soares (Sul), Cascavel (Oeste) e Curitiba.

Os dados são coletados em medições horárias e sub-horárias das chuvas, temperaturas e vazões dos rios, em alta resolução. Na sequência, são integrados e processados por sistemas computacionais de alto desempenho, gerando produtos geo-espaciais implementados e calibrados por equipe científica do próprio Simepar.

Após análise dos dados atuais e históricos, os meteorologistas emitem uma previsão tradicional para até 15 dias e outra climática sazonal, atualizada mensalmente. Ambas são publicadas na página http://www.simepar.br. Além disso, são geradas estatísticas dos quantitativos de chuvas e desvio das médias climatológicas para cima ou para baixo, compartilhadas na rede multi-institucional formada pelo Instituto Águas e Terra (IAT), Agência Nacional de Águas (ANA), Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater (IDR-Paraná), Sanepar e Copel.

O Simepar também integra o Monitor de Secas do Brasil e a Sala de Crise da Região Sul, organizada pela ANA e pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

De acordo com o diretor do Simepar, Eduardo Alvim Leite, o estado de escassez hídrica pelo qual passa o Paraná revela a importância do monitoramento hidrometeorológico, que foi capaz de mensurar a severidade e a evolução do fenômeno e subsidiar a tomada de decisão de decretação da emergência hídrica.

Ele destaca o papel relevante do empreendimento na gestão futura da crise. “A situação também demonstrou a necessidade de ampliação tanto do monitoramento hidrológico nos mananciais de abastecimento público como do conhecimento sobre a disponibilidade e a resiliência hídrica atual e futura de nossas bacias hidrográficas”.

CENÁRIO FUTURO – Estudos e pesquisas do Simepar indicam um processo de estiagem persistente e progressivo no Paraná nos últimos três meses, que causou significativa perda de umidade do solo e afetou a disponibilidade hídrica das bacias hidrográficas.

Hidrólogo e pesquisador do Simepar, Arlan Scortegagna explica que a ocorrência de chuvas ficou muito abaixo da média esperada. A situação foi mais severa e prolongada nas regiões Central e Leste e menos intensa no Oeste do Estado.

Segundo o profissional, a prospecção sugere um cenário futuro desfavorável quanto à recuperação dos mananciais de abastecimento de água: “Se vier a chover conforme as médias históricas, os valores serão insuficientes para que os níveis de vazão dos rios recuperem a normalidade, considerando o déficit acumulado”.

O Paraná tem aproximadamente 200 bacias de mananciais. Os efeitos da estiagem variam de acordo com o perfil e as condições de cada bacia, influenciadas por outros fatores além da chuva, tais como evapotranspiração, volume e concentração temporal de precipitação, matriz, uso e conservação do solo. Estão sendo afetadas tanto as grandes bacias, que geram energia elétrica, quanto as pequenas, nas quais é feita a captação de água para abastecimento público.

Dados da série histórica apontam que a estiagem deste ano se assemelha aos níveis de vazão ocorridos em 2006. No momento, as vazões naturais no Rio Iguaçu em União da Vitória são as mais baixas registradas desde 1930, com tendência à redução. (AEN).

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