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O presidente Bolsonaro, o Centrão e os militares

O crescimento do número de militares em postos-chave do governo federal tem afetado a tentativa de aliança entre o presidente Jair Bolsonaro e o Centrão, bloco informal de deputados de centro e de direita. Bolsonaro negocia há semanas com o grupo a nomeação de cargos dentro do governo em troca da construção de uma base aliada formal no Congresso.

São de origem militar todos os quatro ministérios abrigados no Palácio do Planalto (Casa Civil, Secretaria de Governo, Secretaria-Geral e Gabinete de Segurança Institucional).

Na semana passada alguns desses cargos prometidos às legendas foram entregues. São eles o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), indicado pelo PP, e a Secretaria de Mobilidade do Ministério de Desenvolvimento Regional, indicado pelo Republicanos (ex-PRB). Também há estatais importantes dominadas por militares como o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), autarquia vinculada ao Ministério da Infraestrutura. Recentemente esse movimento foi ampliado com as nomeações para secretarias no Ministério da Saúde.

No entanto, ainda há insatisfação com a demora na entrega de estruturas que têm o controle de partes maiores do orçamento como o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do Ministério da Educação e a Fundação Nacional da Saúde (Funasa), do Ministério da Saúde.

O FNDE deve ficar sob o comando do PP e as diretorias vinculadas ao órgão com indicados do MDB, DEM, PL e Republicanos. Já a presidência da Funasa, hoje com a bancada evangélica, deve ficar com o PSD.

Membros do Centrão ouvidos pelo Congresso em Foco reclamam que a presença de militares em muitos postos do governo dificulta as indicações partidárias. Políticos reclamam que seus indicados serão tutelados por oficiais das Forças Armadas.

Também é alvo de reclamações o ministro da Educação, Abraham Weintraub, que inicialmente havia travado a nomeação dos partidos para o FNDE e suas diretorias. A demora inclusive fez crescer no grupo o desejo que Weintraub saísse do cargo. No entanto, deputados ouvidos pelo site disseram que após criar dificuldades para a nomeação, o ministro cedeu.

A grande presença de militares dá menos margem para próximas indicações, sobretudo as negociadas pelo PL, que almeja uma secretaria do Ministério da Saúde e o comando do Dnit, hoje comandado pelo general Antonio Leite dos Santos, diretor-geral.

No mês passado, o tenente-coronel André Kuhn saiu do cargo de diretor-executivo do DNIT para assumir o comando da Valec. Ao responder um seguidor no Twitter, o ministro de Infraestrutura, Tarcísio Freitas, negou indicação partidária e disse que o substituto do de Kuhn será alguém de perfil técnico.

O líder do PP na Câmara, Arthur Lira (AL), convocou no fim da semana passada uma reunião remota com a bancada do partido. O objetivo do encontro foi debelar a insatisfação causada pela nomeação de Fernando Marcondes Leão para o comando do DNOCS. Leão participou da conversa e foi apresentado aos deputados da legenda.

Os deputados do PP criticaram na semana passada a articulação feita por Lira para comandar o órgão. O indicado é filiado ao Avante e isso foi visto como uma estratégia de Lira para ganhar apoio nas eleições para a Mesa Diretora da Câmara em fevereiro de 2021.

O Congresso em Foco  ouviu relatos de membros do partido que disseram que, pelo menos até a tarde desta segunda-feira (11), a situação estava pacificada.

Leão é filiado ao Avante e sua indicação foi costurada por Lira com o deputado Sebastião Oliveira (PL-PE), que está de saída do PL para o Avante e já comanda informalmente a nova legenda no estado. Oliveira foi alvo de Operação da Polícia Federal na última sexta-feira (8).

Além do DNOCS e da Secretaria de Mobilidade do Ministério do Desenvolvimento Regional, partidos já foram atendidos em cargos de menor escala.

Em nível regional o PSC  emplacou um aliado no comando da Companhia de Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) de Pernambuco.

O advogado Alex Machado Campos foi nomeado no fim de abril para uma das diretoria da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). Campos Machado é próximo do deputado André de Paula (PSD-PE), que foi líder da sigla ano passado. No entanto a indicação é creditada ao ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, de quem Campos Machado foi chefe de gabinete. (Congresso em Foco).

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