Vice-Presidente Mourão diz que Brasil só deve ter equilíbrio fiscal em 2023 ou 2024

O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, disse que o Brasil só vai se recuperar da crise fiscal em 2023 ou em 2024. “É óbvio que o recuo deste ano de 2020 vai levar que a gente só atinja um equilíbrio lá pelo ano de 2023, 2024. Essa é a minha avaliação”, disse Mourão em videoconferência realizada pelo banco Itaú BBA nesta quarta-feira(29).

O vice-presidente admitiu que o governo federal fez uma mudança na política econômica desde que começou a pandemia do coronavírus. De acordo com ele, a crise tornou necessária uma maior intervenção do Estado. Segundo ele, esse desvio de rota é temporário. As reformas econômicas para a diminuição de despesas da máquina pública devem ser retomadas após a crise, ressaltou.

“O keynesianismo apareceu com força nessa hora, uma realidade, porque é um momento que as empresas, indústrias e a própria pessoa física passam a não ter condições de gerar renda e as empresas não terem condições de gerar emprego, vai caber ao Estado garantir recursos para a economia. Agora, isso é uma questão temporária e isso tem sido marcado de forma muito clara pelo ministro Paulo Guedes”, afirmou.

“O Brasil e a China têm um casamento inevitável”

Mourão defendeu uma maior aproximação comercial entre Brasil e China. Segundo ele, os dois países “têm um casamento inevitável” em razão da capacidade nacional de produção de alimentos e da necessidade dos chineses de garantir o abastecimento da população. Para ele, o relacionamento tem de ser orientado por “pragmatismo, não por dogma” e deve levar em conta que a pandemia provocará mudanças significativas na geopolítica mundial, aumentando o papel econômico e estratégico da Ásia.

Mourão disse que estaremos, neste fim de abril e na primeira quinzena de maio, vivendo o pico da pandemia de covid-19. Ele lamentou as perdas humanas, mas elogiou as ações que o governo tem tomado.

Também apoiou a negociação com partidos políticos, incluindo aqueles ligados ao Centrão. Considerou que as conversas em andamento são uma “necessidade” para a obtenção de “maiorias estáveis”.

Na economia, citou várias vezes o ministro Paulo Guedes, enfatizou a importância de sua agenda de reformas. Elogiou ainda a rapidez com que a Caixa Econômica Federal montou um esquema que já atendeu até agora cerca de 40 milhões de pessoas que receberam o auxílio-emergencial (também conhecido como coronavoucher).

Pró-Brasil

O vice-presidente também fez comentários sobre o plano Pró-Brasil, programa do governo federal de impulsionamento de obras de infraestrutura.

O general afirmou que houve um ruído durante o lançamento da iniciativa e defendeu que o custo da alavancagem das obras esteja dentro da “capacidade do limite do governo”. A declaração foi dada em videoconferência transmitida pelo banco Itaú BBA.

“A questão da infraestrutura poderá ser necessário um pequeno empurrão e dentro dos limites da capacidade do governo para que a gente gere uma atividade maior. Por consequência, é um setor que emprega mais, e daí as pessoas que estiverem nessa atividades terão a sua renda. Eu vejo dessa forma a nossa busca de voltar pelo menos ao patamar que estávamos no começo do ano”.

A iniciativa foi anunciada na quarta-feira (22) pelo ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto. As principais ações envolvem os Ministérios do Desenvolvimento Regional, comandado por Rogério Marinho, e o de Infraestrutura, capitaneado por Tarcísio Freitas.

Ainda não há um detalhamento das ações, mas o ministro Tarcísio Freitas anunciou durante o evento de lançamento que vai elaborar uma lista de 70 obras e que elas vão totalizar investimentos de R$ 30 bilhões até 2022.

“Houve um certo ruído quando há uma semana o ministro Braga Netto [da Casa Civil, que coordena a iniciativa] projetou aquilo que era mais ou menos uma intenção, que era o tal do programa Pró-Brasil, abrangendo as diversas áreas, Infraestrutura, Minas e Energia, Cidadania, Segurança Pública, a parte social e com a economia perdendo tudo isso”, disse Mourão.

A matéria de expansão de gastos recebeu a oposição pública de pelo menos dois membros do Ministério da Economia, são eles o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, e o secretário de desestatização, Salim Mattar. (Congresso em Foco).

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