Queda de braço entre o presidente Bolsonaro e o ministro Mandetta não interessa à popualação
(* Pedro Ribeiro———————————————–)
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que tinha tudo para entrar na história recente do país no combate à pandemia do coronavírus, devido ao seu excelente trabalho, está a um passo de jogar a toalha. Não suporta mais os desmandos do mandatário de plantão. Mandetta, que tem o reconhecimento da população pelas suas ações, acabou despertando ciúmes doentio e vem incomodando o presidente Bolsonaro como já vimos, antes, como o ministro da Jutiça, Sergio Moro.
Segundo escreveu no Estadão a jornalista Eliane Cantanhêde, o presidente Jair Bolsonaro apoveitou o domingo para exercitar sua birra contra o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que na véspera alertou: “Se o sr. for para metrô ou ônibus em São Paulo (como chegou a dizer em entrevista), vou ser obrigado a criticá-lo”. Ao que o presidente rebateu: “E eu vou ter que te demitir”.
Como não havia logística para ir a São Paulo no domingo, Bolsonaro decidiu fazer o teste no Distrito Federal mesmo, indo a padarias, mercadinhos, fazendo até fotos com criança. Evidentemente, uma forma de provocar a queda do ministro, mas Mandetta não caiu na armadilha.
Mandetta publicou nesta segunda=feira, com pedido para reflexão, em sua página no facebook, o poema de Drumond, sobre a pedra no meio do caminho depois que o atleta virótico fez pouco caso das orientações do Ministério e saiu às ruas provocou aglomerações e declarou, em bravata, estar pensando fazer decreto obrigando as pessoas a romperem o confinamento.
Mandetta pode ser útil do lado de fora, coordenando ação paralela junto com governadores, autoridades sanitárias e da Saúde , liderando a racionalidade e isolando a loucura que se associa ao vírus. Vai constatar, tarde talvez, que o Brasil já havia sido infectado antes pela pior epidemia política de sua História Republicana.
Aliados políticos e servidores do Ministério da Saúde descartam a saída imediata do ministro e pressionam para que ele não aceite as indicações do presidente sobre as diretrizes no combate ao Covid-19. Em meio às declarações do presidente sobre a dimensão da pandemia, auxiliares próximos de Mandetta afirmam que, por ora, ele não sai do cargo. E se pedir demissão, a equipe de assessores tem dito nos bastidores que também deixa o governo.
Sobre o poema de Drumond, há um trecho de outro poema, como lembra o jornalista e amigo, Alceo Rizzi, com o sugestivo título “A Um Ausente”, também de Drumond, que o ministro deve conhecer:
“Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?”
A expectativa, hoje é se Bolsonaro vai mesmo editar um decreto para liberar todas as profissões para trabalhar em meio à pandemia ou se foi só mais uma ideia jogada ao ar, enquanto confrontava Mandetta nas ruas.
(* Pedro Ribeiro/PARANAPORTAL).