O lucro dos quatro principais bancos cresceu 38,7% em cinco anos
O lucro anual dos 4 principais bancos do país (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander) listados na Bolsa de Valores cresceu 38,7% no período de 2015 a 2019, passando de R$ 62,7 bilhões para R$ 87 bilhões no período.
No ano passado, a alta foi de 20%, puxada pelo Banco do Brasil, que reduziu os gastos administrativos com o fechamento de agências e a demissão de funcionários. O lucro da estatal saltou R$ 5,3 bilhões de 2018 para 2019, saindo de R$ 12,9 bilhões para R$ 18,1 bilhões. Em percentual, a alta é de 41%.
O Banco do Brasil fechou 366 agências em 2019, somando 4.356 unidades ao fim do ano. Junto a isso, o número de funcionários caiu de 96.889 para 93.190.
Apesar do empenho do BB em reduzir os gastos administrativos, Itaú Unibanco e Bradesco foram as instituições que obtiveram os maiores ganhos financeiros no último ano, com R$ 28,4 bilhões e R$ 25,9 bilhões, respectivamente.
Santander completa a lista das instituições com os maiores lucros. O banco espanhol viu seus ganhos aumentar 15% em 2019. Chegou aos R$ 14,550 bilhões.
De acordo com levantamento da Economática, o volume financeiro distribuído em dividendos e juros sobre capital próprio chegou a R$ 58 bilhões em 2019. A quantia é próxima ao valor de mercado do Grupo Natura e corresponde ao maior volume de recursos da história.
O Itaú lidera o ranking de quem mais distribuiu dividendos e juros sobre capital próprio em 2019, com R$ 26,1 bilhões ao todo. O Bradesco, por sua vez, registrou o maior crescimento percentual de 2018 a 2019, com alta de 173,8%.
SETOR FINANCEIRO
Os bancos são beneficiados pela retomada da demanda por crédito. De acordo com o Banco Central, o saldo de operações saltou de R$ 3,26 trilhões para R$ 3,47 trilhões de 2018 a 2019 –alta de 6,5%. Além disso, a retomada da atividade econômica contribui para a alta nos lucros e dividendos.
Em razão da digitalização, os bancos também têm menos gastos administrativos e investem mais em novas tecnologias. Os lucros estão, porém, concentrados em 4 bancos. Outras instituições financeiras que divulgaram balanços financeiros nos últimos têm ganhos menores. A Caixa Econômica Federal ainda não publicou os resultados do 4º trimestre.
O Banco Central aposta no aumento da competitividade com soluções digitais, como o open banking e os pagamentos instantâneos, que devem começar a ser implementadas no fim deste ano. São sistemas que devem demorar para serem realidade na economia brasileira, uma vez que depende da melhora regulatória do setor.
O projeto que muda a legislação cambial, por exemplo, é fundamental para garantir a implementação do open banking. O Congresso Nacional terá que se debruçar o tema em 2020, assim como outras pautas prioritárias, como o pacto federativo, a PEC dos fundos, a reforma tributária e outros assuntos que vão demandar esforço dos congressistas.
Qualquer atraso na agenda vai prejudicar o cronograma de instalação das novas tecnologias, defendida pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Outra proposta é permitir, com mudanças regulatórias, a entrada de novos concorrentes, como fintechs e pequenos bancos.