Sem consenso, greve (não total) dos funcionários públicos do Paraná continua
A greve dos servidores estaduais do Paraná não dá sinais de que um consenso está mais próximo. De um lado, o governo afirma que não vai negociar com os trabalhadores que permanecem de braços cruzados. Os servidores em greve, por sua vez, defendem a manutenção da paralisação enquanto não houver uma proposta do Palácio Iguaçu.
Segundo o Fórum das Entidades Sindicais (FES), a adesão ao movimento cresceu nesta quarta-feira (26), segundo dia de greve. Mobilizados, cerca de 45% dos professores paralisaram as atividades hoje, segundo a APP-Sindicato, que representa a categoria.
Com salários congelados há quatro anos e perdas acumuladas calculadas em até 17%, os trabalhadores pedem, ao menos, a recomposição da inflação do último ano: 4,94%, segundo o índice IPCA.
As duas partes afirmam que o diálogo é o caminho para resolver a questão, embora ainda não tenham acertado a forma como os argumentos serão debatidos. O governo do Paraná pediu um prazo de mais uma semana para enviar uma proposta aos servidores, ao mesmo tempo em que afirma que não negociará com trabalhadores enquanto estes permanecerem em greve.
O secretário de Comunicação do Paraná, Hudson José, lista uma série de dificuldades financeiras que impede o governo de atender o direito constitucional do funcionalismo à data-base.
“Nesse momento a dificuldade é muito grande. A folha de pagamento do estado chega a R$ 17 bilhões por ano. É um investimento grande. Então, se você somar essa realidade à dificuldade vigente na economia atualmente, temos um cenário em que é difícil atender na plenitude o pedido dos funcionários. Por isso temos que sentar e ver quais são os caminhos para que isso possa ser planejado a médio e longo prazo”, ponderou.
O presidente do sindicato que representa os professores da rede estadual, Hermes Leão, afirma que a demora em resolver a questão é ruim para todas as partes.
Dificuldades na negociação
A APP-Sindicato afirma que o discurso de Ratinho Junior é inconsistente e questiona a habilidade do governador em negociar com os servidores. Essa versão é rechaçada, por exemplo, pelo líder do governo na Assembleia Legislativa.
“O governador determinou que essa comissão avalie, converse e estude para que ao final do mês de junho uma proposta seja encaminhada. Eu não estou vendo falta de diálogo. Eu não estou vendo desconsideração por parte do governo. O governo foi claro e pediu um tempo. Todo governo deve ter um tempo para ‘arrumar a casa’. Entrando no sexto mês e o pessoal que deflagrar greve? Com isso o governo não concorda”, avaliou.
A coordenadora do Fórum das Entidades Sindicais (FES), Marlei Fernandes explica que os servidores têm uma pauta unificada e afirma que a postura do governo tem sido intransigente.
Adesão aumenta nas escolas
Em relação às escolas estaduais, os sindicatos afirmam que greve alcançou uma adesão de 85%no Paraná.
A Secretaria de Estado da Educação (SEED) calcula um número inferior: 32,2%. Considerando apenas Curitiba, a adesão estimada pela SEED é maior, alcançando 58,8% das escolas. (Paraná Total).