Segurança para os deputados do Paraná no dia 29, que temem a invasão de servidores na Assembleia Legislativa
O gabinete militar, responsável pela segurança da Assembleia Legislativa, recomendou nesta quinta-feira (25) que os deputados adotem medidas de segurança para acessar as dependências do Legislativo na próxima segunda-feira (29), quando servidores devem promover um protesto pedindo reajuste nos salários da categoria que estão congelados há três anos. No documento, assinado pelo Major Robson Luiz Selleti, o gabinete sugere que os parlamentares entrem na Assembleia pelo portão do Tribunal de Justiça (TJ-PR). “Sugestionando aos senhores Parlamentares que caso prefiram, acessem pelo Tribunal de Justiça do Paraná cuja entrada estará liberada para as autoridades”, diz o circular.
O temor dos deputados é que o protesto repita o ocorrido em 2015, quando, em março daquele ano, milhares de servidores ocuparam as instalações da Assembleia em protesto contra mudanças na previdência. No mesmo ano, em 29 de abril, ocorreu uma ação da Polícia Militar (PM) por determinação do então secretário de Segurança Fernando Francishini, hoje deputado estadual, em que mais de 200 pessoas ficaram feridas. A ação, a pedido do presidente da Assembleia Ademar Traiano (PSDB) na época, mobilizou 1,2 mil policiais para impedir nova ocupação, já que o governo Beto Richa (PSDB) exigia que o projeto fosse aprovado.
Na ocasião, os deputados da base do governo chegaram até a Assembleia em um ônibus blindado do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) da PM para que conseguissem dar sequência à votação. O grupo foi apelidado pelos servidores e pela oposição de “Bancada do Camburão”.
Agora, a Mesa Executiva, presidida por Traiano, deve definir os protocolos de segurança que podem ser adotados gradativamente, na medida em que os deputados se sintam ameaçados.
“A Comissão Executiva, pautada na discricionariedade e razoabilidade, poderá determinar o trancamento do Portão principal de acesso à Alep, bem como demais pontos estratégicos para a garantia e manutenção da Ordem Pública e o perfeito funcionamento da Sessão Plenária; eventuais dúvidas e solicitação de informações poderão ser indagadas aos integrantes do Gabinete Militar, os quais estarão orientados a cumprirem todos os protocolos estabelecidos pela Mesa Executiva”, diz o documento.
‘Protesto é pacífico’, dizem servidoresA presidente do Fórum das Entidades Sindicais do Paraná (FES), Marlei Fernandes de Carvalho, afirma que o contexto do protesto de segunda-feira é diferente das manifestações de 2015. “Nós não temos neste primeiro momento nenhum projeto de lei na Assembleia (como havia em 2015). Tivemos audiência pública lá dentro (na terça). (Nos protestos de 2015) era um momento diferente. Nós já falamos com todos os deputados nesta semana, entregamos a nossa reivindicação a todos eles. Queremos o apoio da maioria deles. E o que temos sinalizado até agora é que podemos ter apoio da maioria”, confia.
Segundo a presidente da FES, não há intenção de pressionar deputados neste momento. “A manifestação é pacífica, vai sair da Praça Santos Andrade e ir em direção ao Palácio Iguaçu. Não tem nenhum alarde em relação a segurança. Aliás, queremos estar seguros”, enfatiza.
O governador Ratinho Junior (PSD) designou um grupo de secretários para receber representantes dos sindicatos na segunda-feira. Será a primeira reunião específica sobre o reajuste da categoria. “O que queremos é termos a reunião no palácio iguaçu às 11 horas”, afirma Marlei.
Os servidores cobram reajuste salarial às categorias. Com os salários congelados desde 2016, o funcionalismo negocia o pagamento da defasagem que chega a 16% em relação ao ano de congelamento.
O protesto do 29 de abril ocorre anualmente desde 2015. Desta vez, o ato terá participação de agentes penitenciários que já aprovaram a paralisação em assembleia, além de integrantes de outras categorias que devem participar no contraturno. Servidores devem vir de diversas cidades do Interior do Paraná para Curitiba.
Ademar Traiano, presidente da Assembleia, Luiz Cláudio Romanelli (PSB), primeiro-secretário da Mesa Diretora, e Fernando Francischini (PSL), deputado e ex-secretário de Segurança, foram procurados, mas não atenderam as ligações da reportagem. (Bem Paraná).