A “história” da brincadeira comemorada no dia 1º de abril – Dia da mentira?…
O Dia da Mentira, ou Dia das Mentiras, ou ainda: Dia das Petas, dos Bobos, dos Tolos, da Gafe, é uma celebração anual em alguns países europeus e ocidentais, comemorada em 1º de Abril, fazendo pegadinhas e espalhando boatos como formas de assinalar a data.
A brincadeira surgiu na França, no reinado de Carlos IX (1560-1574). Desde o começo do século 16, o ano-novo era comemorado em 25 de março, início da primavera no hemisfério Norte, e tradição na maior parte da Europa. As festas, que incluíam troca de presentes e animados bailes noite adentro, duravam uma semana, terminando em 1º de abril.
Em 1582, porém, o papa Gregório XIII (1502-1585) instituiu um novo calendário para todo o mundo cristão – o chamado calendário gregoriano – em que o ano-novo caía em 1º de janeiro. A corte francesa só seguiu o decreto papal dois anos depois, em 1584, e, mesmo assim, com muita resistência à mudança: ou a ignoraram ou a esqueceram, mantendo a comemoração na antiga data.
Alguns gozadores começaram a ridicularizar esse apego enviando aos conservadores adeptos do calendário anterior – apelidados de “bobos de abril” – presentes estranhos e convites para festas inexistentes. Com o tempo, a galhofa firmou-se em todo o país, de onde, cerca de 200 anos depois, migrou para a Inglaterra e de lá para o mundo. Desde então, ao longo deste dia são contadas mil lorotas, casos estapafúrdios, mentiras grotescas, além de pregação de peças em amigos e familiares.
A primavera e os espíritos divinos
Outro motivo para a mudança da data do Ano Novo poderia também estar relacionado com o fato de a comemoração no início da primavera estar relacionada com práticas pagãs, e não cristãs. A ligação de fenômenos naturais – como a primavera – com possíveis espíritos divinos contrariava as práticas cristãs de um Deus único, não ligado às forças da natureza. E com o início da primavera comemorava-se também a entrada do período da fertilidade, em que se realizavam as semeaduras e havia o desabrochar das flores das espécies vegetais.
Durante o século XVI, a passagem do tempo era muito mais identificada com as estações do ano do que com os calendários. As comemorações ocorriam no final de março porque era o momento da passagem do inverno para a primavera. Entre 25 e 31 de março havia festas de celebrações, e no início do mês seguinte, abril, a vida voltava ao normal.
Havia uma defasagem de 10 dias entre as datas do calendário e os eventos decorrentes dos movimentos celestes, como os do sol e da lua. A igreja católica pretendia fazer coincidir o início da primavera com o dia 21 de março, em 1583, e assim estipular uma data única para a comemoração da Páscoa cristã, já que a data variava em várias áreas do cristianismo católico. Assim, para realizar a mudança foi instituído que, após a quinta-feira, 04 de outubro de 1582, iniciar-se-ia a sexta-feira, 15 de outubro de 1582. E por incrível que pareça, isso não é mentira.
A mentira ao redor do mundo
Cerca de 200 anos depois, por volta de 1750, as brincadeiras espalharam-se por todo o continente europeu, e, em seguida, para todo o mundo. Na França, a data é conhecida como “Poisson d’Avril”, e na Itália, como “Pesce d’Aprile” – e ambos significam “Peixe de Abril”. O primeiro estado brasileiro a adotar a data foi Pernambuco, onde circulou uma notícia falsa, desmascarada no dia seguinte – a de que D. Pedro havia falecido em 1º de abril de 1848. Este evento ficou conhecido como “A Mentira”.
Em Minas Gerais também ocorreu uma situação parecida, em 14 de setembro de 1849, quando foram convidados vários devedores para um acerto de contas no dia 1º de abril do próximo ano, em um endereço inexistente.
Enfim, 1º de Abril é dia de pregar peças, inventar histórias, criar brincadeiras entre as pessoas, de forma saudável e inocente. Entretanto, em tempos belicosos como o que estamos vivendo, de fake news, principalmente, nunca é demais recomendar respeito e precaução, para evitar ferir ou magoar os alvos das gozações. A integridade ainda é a base nos relacionamentos entre as pessoas.
A HISTÓRIA DE PINÓQUIO
Era uma vez um homem chamado Gepetto que fazia lindos bonecos de madeira. Vivia sozinho e o seu sonho era ter um filho com quem partilhar seu amor e carinho. Um dia, Gepeto esculpiu, com todo cuidado, um pequeno garoto. Quando terminou, Gepetto suspirou: “Quem me dera este rapazinho de madeira fosse real e pudesse viver aqui comigo, conversar… De repente, aconteceu! O pequeno rapaz de madeira ganhou vida!”.
As Aventuras de Pinóquio é um romance escrito pelo italiano Carlo Collodi, em 1881 (Florença, Itália) e publicado dois anos depois com ilustrações de Enrico Mazzanti. É um clássico da literatura infanto-juvenil, cuja história ultrapassou as fronteiras da Itália e se tornou um patrimônio universal. Desde a sua publicação, o livro de Pinóquio tem sido traduzido para os mais diferentes idiomas.
A versão mais conhecida foi realizada por Walt Disney, em 1940, que conta uma história muito diferente da que foi escrita por Collodi. Considerada uma obra-prima do cinema de animação, no entanto, a história original de Pinóquio, suas aventuras e desventuras, é muito mais rica. Permite inúmeras leituras por públicos de diferentes idades, para conhecer este Pinóquio que erra, sofre e se redime para tornar-se gente.
“Gepetto gritou de alegria e gargalhando de felicidade, disse: ‘Seja bem vindo! Vou te chamar Pinóquio’.
Gepeto vestiu Pinóquio, deu-lhe alguns livros, um beijo e mandou-o para a escola. E avisou-o: ‘Assim que a escola terminar, vem para casa, Pinóquio’.
Pelo caminho, Pinóquio viu na praça um espetáculo de marionetes. Animado, dançou tão bem, que o dono ofereceu-lhe cinco moedas de ouro. Pinóquio ficou maravilhado e só pensava como Gepetto ficaria feliz quando lhe entregasse as moedas.
Perto da escola, Pinóquio encontrou dois homens maus. Como era muito ingênuo, seguiu com eles até uma hospedaria para comer e depois dormir. Sonolento, adormeceu e sonhou que era rico: que ele e seu pai Gepetto viviam agora sem dificuldades.
Quando acordou, os homens o convenceram a enterrar as suas moedas de ouro num sítio que eles conheciam: ‘As moedas aqui enterradas vão se transformar numa árvore de dinheiro e nunca mais o teu pai, que já está velho e cansado, precisará trabalhar!’.
Pinóquio obedeceu e ficou esperando que as moedas de ouro se transformassem numa árvore de dinheiro. Esperou muito tempo até que, cansado, adormeceu. Os homens vieram e levaram as moedas de ouro, enquanto Pinóquio dormia.
Quando acordou, viu que tinham levado as moedas e chorou. Não queria voltar para casa com medo de que Gepetto ficasse zangado e triste com ele…
Sem saber o que fazer, Pinóquio começou a caminhar, até que encontrou uma senhora vestida de azul, a quem pediu ajuda. O que não sabia era que ela era a Fada Azul. A fada disse que o ajudaria e perguntou-lhe quem eram os seus pais e onde vivia. Pinóquio respondeu: ‘Não tenho casa nem ninguém com quem morar’. A fada percebeu que Pinóquio mentia e o seu nariz começou a crescer!
Ela então, aconselhou: ‘Volta para junto do teu pai, seja um menino bem comportado e não mintas mais’. Pinóquio prometeu que assim faria e o seu nariz voltou ao tamanho normal.
Voltando para casa, Pinóquio parou num parque de diversões e o seu nariz começou a crescer outra vez. No parque, disseram-lhe que poderia comer todos os gelados que ele quisesse… o que não lhe disseram é que os gelados o transformariam num burro! Pinóquio comeu até não poder mais, se transformou num burro, foi vendido para um circo. No circo foi obrigado a trabalhar duro e foi tão maltratado que, pouco tempo depois, nem conseguia andar. Como já não servia para nada, o dono mandou que o atirassem ao mar. [
Uma baleia viu Pinóquio e engoliu-o, pensando que era comida. Dentro da baleia, qual não foi a surpresa de Pinóquio ao encontrar Gepetto, que tinha ido procurar Pinóquio e acabou na barriga da baleia. Estava muito fraco e doente. Mas, um peixe que também lá se encontrava disse: ‘Subam nas minhas costas que vou levá-los para casa!’.
Assim fizeram e, quando chegaram em casa, Pinóquio cuidou de Gepetto até ele ficar bom. A Fada Azul apareceu outra vez e, ao ver que Pinóquio tinha sido bom com Gepetto, disse: ‘Como agora é um bom menino vou transformar você num rapaz de verdade’.
Gepetto tinha finalmente o filho que tanto desejara e os dois foram felizes para sempre! Este é apenas o começo resumido da grande aventura que foi a vida de Pinóquio. (Ana Borges).