É melhor chamar o “Posto Ipiranga”

– Roberto Azevedo/NSC/DC

Quando, há quatro anos, o então deputado federal no sétimo mandato Jair Bolsonaro começou a gestar sua pretensão de chegar ao Palácio do Planalto, costumava fazer postagens nas redes sociais sobre temas polêmicos que lhe rendiam milhões de curtidas e compartilhamentos, mas eram inofensivas para o mercado financeiro ou não mexiam com o futuro de milhares de brasileiros à espera da tão almejada aposentadoria. Pois, neste momento, depois de chegar à Presidência da República, Bolsonaro manteve a mesma verborragia, que, agora, tem repercussões preocupantes, capazes de ir de encontro a tudo que o chefe do Executivo estabeleceu como base de seu projeto político, que pretende ainda ser uma mudança nos valores perversos que existiam até o dia 28 de outubro de 2018, quando foi eleito no segundo turno com larga vantagem.

A conclusão

O presidente teve um dia ruim, de quinta (3) para sexta (4), e acabou desmentido pelos assessores Marcos Cintra, secretário especial da Receita Federal, e pelo ministro-chefe da Casa Civil, o deputado Onyx Lorenzoni. Os anúncios equivocados de Bolsonaro sobre o Imposto de Renda, o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e até em relação ao que o governo planeja de idade mínima para a reforma da Previdência feriram uma regra estabelecida por ele mesmo, a de que, nesses assuntos, o especialista ou como ele mesmo chama o “Posto Ipiranga” ao se referir ao ministro da Economia, deveria se manifestar. Se o presidente Bolsonaro quer manter a credibilidade a longo prazo, é melhor chamar o Paulo Guedes da próxima vez para falar destes assuntos.

Portanto

Não existe diminuição do valor máximo da tabela do Imposto de Renda de 27,5% para 25% nem o aumento do IOF, tampouco foi batido a martelo da idade mínima da aposentadoria, de 57 anos para as mulheres e 62 anos para os homens. Os equívocos ou antecipações, feitos por Bolsonaro, foram tão gritantes que são contra tudo que ele apregoou mesmo antes de ser candidato à Presidência: o não aumento de tributos e uma reforma da Previdência que impactasse para melhorar as contas públicas e acabar com os rombos bilionários, tanto no sistema oficial, quanto nos sistemas próprios que regem o serviço público em todos os níveis.

Não é bem assim

Ex-assessores de Vinícius Lummertz no Ministério do Turismo também desmentem a versão de que a contratação de uma consultoria para espalhar a representação da pasta em outros países, que custou R$ 3 milhões, se enquadram em exageros da administração de Michel Temer. Na versão, o contrato atual foi assinado com a Fundação Getúlio Vargas, por sugestão da Controladoria Geral da União (CGU), para fazer a reformulação de pessoal em outros países.

E tem mais

Antes, este trabalho de consultoria era executado por uma empresa de Relações Públicas, que subcontratava os representantes para área do turismo nacional, que era conhecida por “Puxadinho”. Este vínculo foi extinto e a CGU deu a letra para mudar o modelo, que também é defendido pelos atuais integrantes da pasta no governo Bolsonaro.  

Temor

Com ensaiada caça às bruxas, estabelecida em cima de valores liberados pelo governo Temer para o Turismo, os técnicos temem que verbas federais asseguradas para a área em cidades como Florianópolis e São Paulo, só para dar um exemplo, sejam cortadas, contingenciadas no jargão do Planalto. A Capital catarinense rende R$ 1 bilhão em turismo para o país e a capital paulista é a mais visitada por estrangeiros que vem ao Brasil e possui um grande projeto de revitalização do Centro.

 Outra reação

Entidades ligadas aos juízes do Trabalho, Anamatra e Amatra 12 (que congrega os magistrados que atuam em Santa Catarina) e Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas (Abrat) divulgaram notas oficiais e uma carta à sociedade sobre a ameaça de extinção da Justiça Especial, sugerida por Jair Bolsonaro. Enquanto os magistrados reforçam a necessidade de manutenção da área, os advogados trabalhistas lançaram uma verdadeira cartilha sobre mitos e verdades sobre o que Bolsonaro disse na entrevista do SBT, entre elas que não é verdade que só o Brasil tenha uma Justiça do Trabalho, já que existem modelos semelhantes de 1º e 2º graus em países como Inglaterra, Nova Zelândia, Hong Kong, Alemanha, França e Bélgica, a maioria criada no século 19, além de Israel, Suécia, Noruega e Finlândia, e todo o continente Americano.

Posts Similares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *