Governador Carlos Moisés da Silva está com a faca e o queixo na mão

– Roberto Azevedo

Quando o governador Carlos Moisés da Silva (PSL) faz um apelo para que diferenças políticas, ideológicas e partidárias sejam esquecidas pelos deputados estaduais em nome da vontade da maioria, expressa em 2.644.179 votos (71,09% dos válidos), demonstra a força que leva no contato com a Assembleia e com a sociedade.

O discurso de posse está recheado de um novo compromisso sintonizado com o desejo de mudança dos rumos políticos e administrativos, a questão agora é sair do clima de campanha e por em prática a estrutura enxuta, tão propalada por Moisés, com o foco no atendimento básico na saúde, educação, segurança pública e assistência social.

Sem as tradicionais amarras de grandes coligações partidárias para chegar ao Centro Administrativo, o novo governador deve ousar e bater de frente com a cooptação para conseguir apoios, o que demanda a necessária e absolutamente imprescindível maioria no Legislativo. Os primeiros anúncios ficam por conta da coletiva à imprensa, às 14h, no Centro Administrativo. Por ora, o importante é desejar muito sucesso a Moisés, à vice Daniela Reinehr e à toda a equipe, pois quando os governos fracassam não é a oposição que ganha votos e argumentos, mas a população que perde.

Desafios 1

Na esteira de muitos desafios, desde já Moisés deve trabalhar para dar unidade à bancada de seis deputados do PSL na Assembleia e ao partido como um todo, necessidade que deve ter prioridade antes mesmo de garantir um bloco de apoio no Legislativo. Os parlamentares, ativistas de uma causa ligada a Jair Bolsonaro, não têm ainda o espírito de equipe que Moisés precisa, tampouco a experiência para atuar na Assembleia, algo bem diferente de ações individuais nas redes sociais.

Desafios 2

Moisés deve vacinar a sua equipe da vaidade e da prepotência que cercam quem chega pela vez primeira ao poder, comportamento capaz de afastar eventuais aliados. Também será necessário resistir ao corporativismo de vários setores do funcionalismo estadual, do qual o governador, coronel da Reserva remunerada do Corpo de Bombeiros Militar, é oriundo. Ele governa para a população, que se posicionou avessa à permanência de privilégios disfarçados de benefícios no serviço público e prega a adequação da atividade à média da sociedade.

Axioma

O bom conselho ao governador Carlos Moisés da Silva é o de que ele não é Jair Bolsonaro, um experiente político de sete mandatos de deputado federal, que conhece os atalhos e armadilhas do poder, e que exercitará, na prática, um discurso um pouco diferente do que o catapultou ao cargo máximo da nação. Bolsonaro poderá ser poupado de críticas mais ácidas, principalmente no período de lua-de-mel, os primeiros 100 dias de administração, Moisés não.

Bom começo

Nos primeiros minutos do ano novo, o secretário Douglas Borba (Casa Civil) mostrou que os anos de vereador em Biguaçu lhe aguçaram o faro político. Ele recebeu inúmeros retornos positivos de deputados estaduais e federais e senadores eleitos, que receberam mensagens dele por WhatsApp, em que o articulador do relacionamento entre Executivo e Legislativo se coloca à disposição para que governo e parlamentares possam atuar “juntos em benefício de Santa Catarina”, um bom começo em direção ao diálogo.

Não confirmou

Ao responder um das perguntas antes da posse, ainda na presidência da Assembleia, Carlos Moisés da Silva disse que o nome do professor Luiz Felipe Ferreira é bem lembrado para a Controladoria Geral do Estado, porém deixou a confirmação, que é dada como certa, no ar. O governador citou que o Estado é muito grande e que as estruturas de controle facilitarão o combate à corrupção e ao desperdício. Na coletiva, o detalhe foi a cadeira mais baixa para Eduardo Pinho Moreira, coincidência na casa que não repassou as sobras de orçamento ao governo anterior.

FOTOS MAURICIO VIEIRA, SUSI PADILHA, JULIO CAVALHEIRO (SECOM), LUIS DEBIASI (AGÊNCIA AL), SUELEN COSTA E ROBERTO AZEVEDO

GALERIA DA POSSE

Do juramento na Assembleia à quebra do protocolo com o “batismo” do Corpo de Bombeiros Militar, à saída da posse, em frente à Assembleia, muitas emoções para Carlos Moisés, que recebeu o cargo de Eduardo Pinho Moreira ainda no plenário. O conselho de Moreira foi o de Ulysses Guimarães, que já alertava para a necessidade dos políticos mudarem, e desejou que Moisés e a vice Daniela Reinehr, ambos do PSL, prossigam o trabalho que levou Santa Catarina a ser o melhor Estado do país em vários indicadores.

Sobraram lugares na área do hall da Assembleia, prova de que a ausência de coligações partidárias pesa na representatividade da solenidade, que não teve apelo popular. Até no plenário, onde apenas 22 deputados estaduais, entre eleitos e quem não estará em plenário a partir de 1° de fevereiro, mais o senador Dário Berger (MDB), secretários do governo anterior e do empossado, tiveram que assumir posições. Ausência até mesmo de deputados do PSL, partido do governador e da vice. Tudo compensado pela titagem na hora dos cumprimentos.

Os pregões

Modalidade que comprovadamente diminui custos e que não é bem digerida pelos órgãos de controle, o pregão eletrônico será a opção de Moisés para compras pelo Estado. Uma mudança significativa.

A infraestrutura

O atendimento de um pedido da população, a mesma que o encontra nas ruas e diz que “votei em você”, faz com que Moisés dê atenção especial ao setor de infraestrutura, principalmente a conservação e construção de rodovias. De acordo com o secretário Paulo Eli (Fazenda), há recursos para que isso seja implementado, pois gerará empregos e o aumento da arrecadação de tributos, bom para a sociedade e para o governo.

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