Rossoni atribui a sua derrota ao Ministério Público na denúncia ‘Quadro Negro’: “Me transformaram num ladrão”
O deputado federal e ex-chefe da Casa Civil do governo Beto Richa, Valdir Rossoni (PSDB) – que não conseguiu se reeleger para a Câmara – atribuiu a derrota à denúncia apresentada pelo Ministério Público Estadual no último dia 1º, sob acusação de envolvimento no esquema de desvio de recursos para construção e reformas de escolas públicas investigado na operação Quadro Negro. Na ação, o MP acusa Rossoni, o ex-governador Beto Richa (PSDB) e o deputado estadual e primeiro-secretário da Assembleia Legislativa, Plauto Miró Guimaraes (DEM) e outras nove pessoas de improbidade administrativa em ação que corre na 5.ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba. As investigações têm como base as delações premiadas do dono da Construtora Valor, Eduardo Lopez de Souza e do ex-diretor-geral da Secretaria de Educação, Maurício Fanini, e apura desvios de R$ 20 milhões entre 2012 e 2015.
De acordo com a denúncia, Richa alterou o sistema de controle e fiscalização das obras, transferindo-o da Secretaria de Obras para a Secretaria da Educação e diretamente para o órgão executor dos convênios de construção – a Superintendência de Desenvolvimento da Educação (Sude), sob a diretoria de Maurício Fanini, também delator da operação. Segundo o MP, o dono da Valor foi orientado por Fanini a oferecer descontos nas licitações, para depois obter aditivos contratuais, mesmo sem a realização das obras. Parte do dinheiro obtido com os aditivos seriam desviados para ‘caixa 2’ de campanha de Richa e seu grupo político, afirmam os promotores. Rossoni e Plauto participariam do esquema negociando com o governo a concesão dos aditivos
“Miró e Rossoni providenciavam a entrada de recursos nos cofres do Poder Executivo – exercendo pressão sobre os setores competentes (mesmo que por interpostas pessoas) sob a promessa de que receberiam contrapartida financeira para isso”, aponta o MP na denúncia.
Rossoni – que foi presidente da Assembleia entre 2011 e 2014, e deixou a Casa Civil do governo em abril para disputar a reeleição para a Câmara – teve 72.096 votos e não se reelegeu. Em 2014, ele havia sido o terceiro mais votado para deputado federal no Paraná, com 177.324 votos.
Em textos publicados em sua página no Facebook após a derrota, o tucano diz que sua campanha foi derrubada pela denúncia do MP e também culpa a imprensa pelo resultado. “Eu entendo o povo nessa eleição, mas sinceramente não entendo o Ministério Público, que faz uma denúncia com base em suposições, levando em conta o que um delator bandido falou, que entregou dinheiro para um terceiro e que este terceiro deu a metade pra mim. Me transformaram num ladrão. Após 5 anos investigando, justamente na hora, na semana da eleição apresentam uma denúncia contra mim. A Globo só dá ouvidos ao bandido e produz uma novela que, claro, faz o povo acreditar”, alegou.
O deputado garante acreditar que será inocentado pela Justiça, mas que isso deve demorar alguns anos. “Não tenho medo da Justiça. O que aterroriza é a injustiça praticada por aqueles que julgam assistindo a Globo, que tem poder de influenciar no resultado de uma eleição”, alega.
“Hoje sou visto injustamente pela sociedade como um ladrão. Aliás, meu patrimônio hoje é muito menor do que era 10 anos atrás”, afirma Rossoni. “Não perdi somente a eleição. Muito mais que isso, perdi minha honra, que é meu maior bem. Volto ao trabalho na minha indústria, que deixei para me dedicar à vida pública”, desabafou o tucano. (Bem Paraná).