UNESPAR (Universidade Estadual do Paraná) lamenta tragédia do incêndio que destruiu o Museu Nacional

A Universidade Estadual do Paraná não poderia deixar de se manifestar diante da tragédia anunciada com o incêndio que destruiu o Museu Nacional no RJ, pertencente à UFRJ, e todo seu acervo de valor incalculável, bem como o funcionamento dos programas de pós graduação das inúmeras pesquisas científicas que tinham ali seu lugar. É um espaço público, de todo o povo brasileiro, e de importância ímpar para o Brasil e para a América Latina.

Qualquer que tenha sido a causa do incêndio que destruiu o Museu Nacional, no RJ, ela já é secundária e inútil diante do que se viu com as labaredas que cobriram o edifício centenário e a fumaça preta que podia ser vista de muito longe.

Durante a semana muito se vai lamentar do acervo perdido e, junto com ele, da memória, da história, do sentido e da identidade de uma nação. E não há como negar que a imagem do Museu Nacional e suas mais de 20 milhões de peças desaparecendo diante de nosso olhos não seja também, lamentavelmente, um retrato do nosso país.

Ali estão também os interesses da pequena política, das classes sempre mais favorecidas, as desigualdades e as mazelas que se reproduzem há centenas de anos nessa terra que nunca foi sua mesma. Uma terra que não sabe valorizar sua história, seu povo, suas particularidades, seus saberes e seus encantos. Uma terra que vê tantos golpes diários que nem mais o infame chiste do 7×1 faz sentido.

Naquelas chamas, estava o valor que damos às nossas universidades públicas, aos nossos institutos de pesquisa, aos pesquisadores de todos os níveis de nossas universidades que veem nossos governantes tratarem o conhecimento e a cultura produzidos em nosso país como gasto. É a mesma lógica que julga o absurdo do bolsa família e a justeza dos auxílios moradia.

O desmonte das universidades e da educação pública de nosso país também estva nas chamas. A BNCC e o valor negligenciado das ciências humanas estava lá, com a interrupção de muitas pesquisas históricas e antropológicas.

O valor das humanidades é assim tratado como resíduo de incêndio. Parece mais um argumento a favor do fim das humanidades e da coisa pública de nosso povo. O palco desse evento talvez não pudesse ser outro – o mesmo dos jogos olímpicos e da Copa da FIFA. Mais um legado para nosso passado que está porvir.

Por fim, não podemos deixar de conclamar toda a comunidade da Unespar para se manifestar em defesa dos valores simbólicos e dos espaços públicos de produção de conhecimento, saberes e culturas, e enfatizar a importância das universidades públicas para o desenvolvimento cultural, intelectual e das sensibilidades de uma nação. (Samon Noyama – Pró-reitor de extensão e cultura da UNESPAR).

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