Bacia do Rio Iguaçu: um texto extenso para ser lido por aqueles – principalmente – políticos que anunciam medidas ‘milagrosas’ para acabar com as enchentes

Em várias matérias que postei no Site, até repetidamente, sempre destaquei o grande volume de rios do Planalto Norte de Santa Catarina, que desaguam no Iguaçu, começando pelo Rio Negro, aquele mesmo que divide as cidades de Mafra (Santa Catarina) e Rio Negro (Paraná), mas que recebe águas de rios a partir de Campo Alegre, São Bento do Sul e Rio Negrinho, cidades que também sofrem, como Porto União e União da Vitória com grandes enchentes.  

Nos próximos quatro parágrafos transcrevo trabalho produzido por professores da Universidade do Contestado (UnC) sobre a região do Planalto Norte de Santa Catarina, que destaca os principais rios, todos afluentes do Rio Iguaçu.

“Dentre os rios que entrecortam o território do Planalto Norte Catarinense, a ênfase
recai sobre os rios Negro e Iguaçu. O rio Negro, com uma extensão de 363 km, recebe pela margem esquerda a contribuição de 22 afluentes. Destes, os mais extensos são os rios Canoinhas (150 km), Preto (102 km), São João (92 km) e Negrinho (78 km). O rio Iguaçu, em uma extensão de 158 km, corresponde ao limite entre os Estados do Paraná e Santa Catarina.

Neste trecho, o rio Iguaçu recebe águas de doze contribuintes que se estendem pelo território do Planalto Norte Catarinense. Dentre estes contribuintes, ressalta-se o rio Jangada, com 130 km, que também realiza o limite entre os dois estados. Outros afluentes importantes neste trecho limítrofe correspondem aos rios: Timbó (127 km), Paciência (76 km), Pintado (46 km) e Espingarda (44 km).

Portanto, a partir do exame da formação hidrográfica, depreende-se que, no território do Planalto Norte Catarinense, há uma ampla rede, constituída por rios, riachos e córregos.

Constata-se que essa rede se estende adequadamente, ou seja, é bem distribuída por todo o território. Todavia, verifica-se, principalmente quando ocorrem períodos de estiagem, problemas quantitativos e qualitativos nesta rede hidrográfica”.

De todos os rios citados no trabalho, apenas dois – Espingarda e Jangada – estão à jusante (abaixo) das cidades de Porto União e União da Vitória.

O Espingarda, que tem sua nascente em Nova Galícia, interior de Porto União, antes de desaguar no Iguaçu, na entrada da cidade de Porto Vitória, tem aquela linda cachoeira, que é visitada por milhares de pessoas todos os anos. 

Mas não é somente o Rio Negro, Rio Negrinho e Canoinhas. Existem dezenas de outros do Planalto Norte catarinense que descem para o Rio Iguaçu a partir da Serra do Espigão: Papanduva, Itaiópolis, Bela Vista do Toldo, Major Vieira, Santa Cecília, Timbó Grande, Santa Terezinha, além dos rios da bacia do distrito do Rio Timbó, com os rios dos Pardos, Liso, além do rio Pintado, alimentado por rios que nascem abaixo do distrito de São Miguel da Serra.

Lembrando também que no interior do município de Irineópolis, principalmente da região do Timbozinho, existem dezenas de nascentes e até um pequeno rio, mas que ‘cresce’ e muito quando as chuvas são intensas, como as de agora. E é um dos afluentes do Timbó, como o volumoso Jararaca lá no alto do município de Timbó Grande.

Se o Iguaçu, da nascente em Curitiba até Foz do Iguaçu, tem uma área de mais de 70 mil quilômetros quadrados, com certeza aqui na nossa região, deve passar fácil dos 35 mil quilômetros quadrados.

Claro que a maior parte da extensão dessa bacia está o Paraná, começando na própria capital paranaense, que tem várias nascentes e até rios canalizados e a nascente do Iguaçu, com todos os rios da Serra do Mar, atingindo dezenas de municípios das regiões central, centro-sul e sul do estado. E mais um detalhe: quando chove como agora, a nascente do Rio Vermelho, lá na Serra da Esperança, interior de união da Vitória, traz grandes volumes de água, que acabam represando e atingindo diretamente alguns bairros no distrito de São Cristóvão.

Agora, mais uma vez, uma enchente, agita (lamentavelmente) centenas e centenas de famílias atingidas e setores importantes da economia, anunciando audiências públicas para discutir soluções para acabar com as cheias, que, considerando a situação topográfica da bacia do Iguaçu em nossa região, é impossível.

Mas algumas medidas para minimizar os efeitos é possível, desde que projetos sejam elaborados por técnicos especializados e com a indispensável autorização dos organismos ambientais dos governos estaduais e federal.

Na segunda-feira, através de uma Live, nas Redes Sociais, ao lado dos principais responsáveis pelo Instituto Água e Terra do Paraná (IAT), o deputado Hussein Bakri, com o aval do governador Carlos Alberto Massa Ratinho Junior, estabeleceu um prazo de 15 dias para que um anteprojeto para  minimizar os efeitos das cheias seja elaborado.

Hussein, confirmou, também, certamente avalizado por Ratinho Junior, que o Governo do Estado está em condições de construir mais de duas mil casas para transferir centenas de famílias das áreas de risco.

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