Resistência das lideranças culturais contra mudança do Hino de Santa Catarina
A proposta de alteração do Hino de Santa Catarina encontrou resistência de autoridades da cultura e da história durante a audiência pública na terça-feira na Assembleia Legislativa, em Florianópolis.
A proposta, de autoria do deputado estadual Ivan Naatz (PL), foi debatida pela Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Alesc, mas ainda não há decisão definitiva pela troca do hino, pois o projeto está em análise também na Comissão de Constituição e Justiça do Parlamento, e precisará passar por outras três comissões antes de ir à votação em plenário.
Na terça-feira (15), historiadores, compositores e representantes da Fundação Catarinense de Cultura (FCC) e do Conselho Estadual de Cultura participaram da discussão.
Luiz Moukarzel, presidente do Conselho de Cultura do Estado, frisou que o conselho é integralmente contrário à ideia. “Quando você acaba com um hino, está se tentando apagar a história dele. Não se justifica talvez trocar aquele que é o talvez melhor hino do Brasil e foi dado a Santa Catarina”, observou. “Fala-se que não se conhece. Ora, não se conhece porque não se divulga. O povo sai de um jogo de futebol cantando o hino do time porque aprendeu sobre ele”, pontuou o conselheiro.
Já Jaime Telles, compositor de hinos para municípios catarinenses, defende a troca. Ele sugere que um concurso estadual selecione as 200 melhores composições, e que estas se tornem dois livros de poemas sobre o estado, em duas etapas. Dessas criações, seria eleito o melhor hino, por votação popular.
E o gerente de Patrimônio Rodrigo Rosa, da Fundação Catarinense de Cultura, está preocupado como será a letra de um eventual novo hino. “Vai falar das coisas de Santa Catarina? Do nosso caboclo, do povo negro que teve sua história apagada, da perseguição às populações alemãs na Segunda Guerra? Que história é essa que vamos contar numa nova letra?”, considerou.
Naatz, autor da ideia, considera que a letra do atual hino, de 1895, não traz conteúdo relativo a Santa Catarina, e é pouco conhecida dos catarinenses. O deputado ainda quer um concurso para eleição da nova letra, e segue disposto a dar continuidade à tramitação do projeto. “Nosso hino não tem identidade com o estado, pois foi escrito como proposto para ser o Hino Brasileiro, e nem se sabe o motivo pelo qual foi adotado aqui em Santa Catarina”, opina.
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