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Médico Drauzio Varella disse que não sabia da vida pregressa de seu entrevistado e pode deixar Globo

Ele virou o médico de família ao entrar aos domingos na casa das pessoas para falar de corpo humano, tabagismo, diabetes, primeiros socorros, gravidez, obesidade e transplante de órgãos, autismo…

São anos e anos com séries esclarecedoras, sempre relacionadas a saúde, com espaço mais do que garantido no “Fantástico”. É o mais antigo e notório colaborador do programa. E foi assim que o renomado oncologista Dr. Drauzio Varella ficou ‘famoso’ em todo o país.

No domingo (1.º), o médico surgiu novamente na tela da revista eletrônica da Globo, como de costume. Só que dessa vez provocou comoção nacional ao mostrar a vida e a solidão das detentas transsexuais.   Ao final de uma das entrevistas, Drauzio, comovido com o depoimento na ocasião da detenta Suzy, encerrou a conversa com um abraço fraternal.

O abraço viralizou nas redes sociais e gerou inúmeras matérias na imprensa. Na última semana, Suzy recebeu centenas de cartas e doações em dinheiro por meio de uma vaquinha virtual. 

O que ninguém sabia era que Suzy foi condenada em 2012, pelo tribunal do júri, a 36 anos e oito meses de reclusão em regime fechado por estupro de uma criança, homicídio e ocultação de cadáver. Com a revelação , o médico Drauzio Varella sofreu uma série de ataques na mídia e nas redes sociais por não ter revelado o crime cometido antes da reportagem.

Drauzio se defendeu. Disse que não conhecia a ficha criminal de Suzy. 

 “Não perguntei nada a respeito dos delitos cometidos pelas entrevistadas. Sou médico, não juiz”, esclareceu o médico em nota à imprensa. 

A relevante informação era de conhecimento da Globo, que não informou em nenhum momento da série o motivo de Suzy estar presa. Toda gravação ou entrevistas com detentos necessitam de autorização prévia da Justiça.

‘Suzy’ gerou uma crise interna gigante na emissora. De um lado, todos querem um ‘culpado’ para demitir, ‘crucificar’, justificar . A produção e a direção do programa enfrentaram reuniões e mais reuniões desde então e sabem que alguém vai pagar o pato. Virou uma caça às bruxas.

Internamente há uma divisão de opiniões. Há quem acredite que mesmo que não tenha existido a intenção de manipular, a edição da série das trans induziu o público a se comover e sentir compaixão. Faltou precisão jornalística.

Do outro, há os que acreditam que se ‘contassem’ qual foi o crime cometido por Suzy, o objetivo da série não seria atingido. 

Na edição do dia (8), o ‘Fantástico’ disse que apoiava integralmente Drauzio Varella.

Parecia na verdade estar se escondendo atrás do médico dono de uma carreira brilhante. Apedrejado nas redes sociais (e também defendido por alguns) Dr. Drauzio fechou os comentários no seu Instagram.  Parou de responder seguidores, se recolheu.

Dono de um dos portais de saúde mais esclarecedores do setor, interrompeu as postagens, vídeos e respostas desde então. Está devastado com a proporção que tudo isso tomou. Segundo os mais próximos, pode abandonar de vez o que tornou ainda mais especial : a comunicação em massa.

Dr. Drauzio é um dos poucos senão, um dos únicos profissionais da saúde a terem investido na produção e divulgação de conteúdo informativo e didático para o grande público no Brasil.

Pode deixar o ‘Fantástico’. Não quer mais polêmica. Não precisa dela. Nunca precisou. (R7).

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