Jornais digitais registraram primeira queda de assinantes em seis anos

O total de assinantes digitais dos 12 principais jornais brasileiros registrou a primeira queda desde 2017. Em dezembro do último ano, o número era de 1.105.627. Já no último mês de junho, foram contabilizados somente 1.062.617 — mais de 43 mil a menos, ou seja, uma redução de aproximadamente 3,9%.

Os dados são de um levantamento do jornal digital Poder360, com dados do Instituto Verificador de Comunicação (IVC). A tendência de diminuição já havia sido vista no fechamento do último ano, quando as assinaturas subiram somente 2,9% — o menor avanço desde 2018. No primeiro semestre de 2022, o aumento havia sido de apenas 4,4%.

O jornal O Globo liderava a lista até dezembro do último ano. Agora, após uma retração de 7,6%, perdeu a posição para a Folha de S.Paulo — que também teve queda, mas de apenas 0,6%. O Valor Econômico também registrou redução expressiva (6%).

O jornal baiano A Tarde teve o maior crescimento dentre os veículos considerados, com 18,8%. Em números absolutos, isso significa somente 7.720 assinantes a mais (de 40.980 para 48.700). O segundo maior avanço foi do gaúcho Zero Hora, com 2,8% — aumento de 2.647 assinantes (foi de 94.373 para 97.020).

Já as publicações impressas seguem a tendência de queda dos últimos anos. Entre dezembro de 2022 e junho de 2023, a tiragem média teve uma retração de 8% (caiu de 387.708 para 356.841). A soma dos exemplares impressos atuais equivale a 46% do total de 2018 (quando chegou a 843.231)

O Globo também perdeu a primeira colocação no impresso — desta vez para o Estadão, com 58.706 exemplares. O pior desempenho foi do Estado de Minas, que despencou 30,6%. Por outro lado, O Povo, do Ceará, cresceu 8,1%.

O jornalista Fernando Rodrigues, publisher do Poder360, avaliou esse momento de transição da imprensa nacional: “É necessário rever o modelo de negócios e encontrar uma forma sustentável para o jornalismo profissional, que é vital em qualquer país que pretenda ser uma sociedade liberal e democrática”.

Para ele, os veículos tradicionais “precisam refletir se talvez devessem submeter a um processo de ‘aggiornamento‘ o produto que entregam para os leitores e a forma como abordam os fatos que viram notícia”.

Segundo ele, o problema não se resume à competição vinda das big techs, mas também a um certo cansaço de parte dos consumidores de notícias como relação ao produto consumido: “Os leitores se sentem mais empoderados hoje e não aceitam mais a mídia tradicional como ‘gate keeper‘ único para dizer o que são os fatos/notícias”.

 

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